desde 1988
 

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- INTRODUÇÃO

 

O Karate-do é uma arte marcial que utiliza o próprio corpo como arma. Trata-se de uma arte física, baseada em movimentos de autodefesa que possuí força, velocidade e beleza em seus movimentos. No Karate não são utilizadas partes separadas de nosso corpo, ao contrário, busca-se uma cooperação, harmônica, dos recursos físicos, intelectuais e psicológicos de seu praticante.

 

É necessário um treinamento constante e rígido para o domínio da arte do Karate, não havendo um limite ou ponto final no aperfeiçoamento técnico. O caminho do praticante do Karate é marcado pela busca constante do aprimoramento não só nos gestos técnicos, mas, principalmente, na sua conduta ética em relação ao meio que o cerca. As bases do caminho do Karate são a paciência e a perseverança.

 

O Karate não se restringe a somente uma luta corporal. Seu sentido é mais profundo e complexo, pois seus fundamentos teóricos têm origem na filosofia Zen. A palavra Karate pode ser traduzida literalmente pela expressão “mãos vazias”, mas, um significado mais completo deve estar acompanhado, também, da expressão “mente vazia”, que significa desprendimento do Ego e desapego das coisas materiais, dentre outras coisas. A palavra Do significa caminho, modo de vida. Não é um caminho fácil a ser percorrido no mundo atual, cada vez mais imediatista e individualista, mas os segredos e a beleza do caminho só se revelam àqueles que se colocam e se mantém na caminhada. 

 

 

- ESTILO

 

O Kenyu-Ryu é um dos estilos mais tradicionais do Karate, destacando-se por sua excelência técnica e por sua filosofia. O estilo foi fundado por Ryusho Tomoyori.

 

O Mestre nasceu na cidade de Motobe, em Okinawa. Em 1910, com 5 anos, Ryusho Tomoyori começou a aprender o Okinawa-Te com Niygaki e Anamine, mestres que conheciam o Nam Paken, estilo de luta chinesa originado do Kung Fu. Em 1919 inicia treinamento com Chojun Miyagui (fundador do estilo Goju-Ryu) na cidade de Naha, treinamento esse que dura 3 anos.

 

Em 1927, em Osaka – Japão, treina com Mestre Mabuni (fundador do estilo Shito-Ryu). Em 1938, participa de treinamento com um dos grandes mestres do karate, Cholci Motobe. Em 1939 fundou o estilo Kenyu-Ryu, fazendo a demonstração de usa técnica no Ginásio Imperial de Kyoto, Butokuden, Ryushjo Tomoyori combateu na Coreia, durante a Segunda Guerra Mundial, onde verificou o valor do Karate, em situações extremas de luta pela vida. Em 1945 o Mestre retorna ao Japão e em 1953 funda a sede do estilo Kenyu-Ryu, em Osaka, onde funciona até os dias de hoje.

 

Quando em 1977 faleceu o fundador do estilo, oficialmente, seu filho, Ryuichiro Tomoyori prosseguiu como seu representante, na condição de 2ª geração do Kenyu-Ryu. Ryuichiro continua o trabalho de pesquisa e desenvolvimento do estilo, fazendo viagens à China, onde em contato com os grandes mestres das lutas chinesas buscando os sentidos mais profundos das artes marciais.

 

 

- DOJO KUM

 

Na sua existência o homem se defronta com muitos desafios; entretanto de todos eles o mais difícil é “VENCER A SI PRÓPRIO”. Esta é a verdade maior!

 

Tudo que se queira alcançar, quer na vida ou no DOJO (lugar de luta), exige muito empenho, disciplina e método, paciência e humildade. No DOJO-KUM, lugar de respeito onde se treina o corpo e a mente, existe todo um código de honra e conduta entre os atletas. Como num templo se ajoelha e ora, no Dojo cultiva-se o comportamento físico e espiritual. E na sua filosofia encontramos os seguintes mandamentos:

         

1°)  O ESFORÇO DA FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE.

OSS, é a expressão de respeito no comprimento do atleta. Significa aptidão, perseverança e resistência; qualidades que todo ser humano deve procurar adquirir para sua boa formação. Estas qualidades são fundamentais para se combater com sabedoria e para saber vencer as adversidades da vida. Não deve o Karateca iludir-se com alegrias momentâneas; mas sim desenvolver a aptidão e a resistência para a prática do Karate e da vida pessoal.

 

2°)  SEGUIR O CAMINHO DA SINCERIDADE.

Um provérbio japonês diz: A gratidão e o reconhecimento (afeição) são mais altos que a montanha e mais profundos que o mar. Deve-se ter o sentimento de sinceridade em mais alto nível. Ter em mente o reconhecimento íntimo desta renúncia e dedicação. Ter a consciência mútua da intensidade desses sentimentos. Uma vez identificado em nós, deve-se procurar difundi-lo às nossas amizades, fazendo brotar em cada um a semente do verdadeiro calor humano.

 

3º)  CULTIVAR O ESPÍRITO DE EMPENHO.

A dedicação é a mola propulsora da Continuidade e da perseverança. Deve-se desenvolver na prática do Karate a concentração e determinação a ponto de se captar os mais leves movimentos do adversário; mesmo um piscar de olhos. Para tanto o empenho do fator primordial. A perfeita harmonia exige o máximo de dedicação.

 

4º)  DAR IMPORTÂNCIA À CORTESIA.

REIGUI significa cortesia, boa educação, comportamento social rigoroso. É ainda o respeito pela hierarquia e pelos mais velhos. Tem que haver respeito pelo adversário e disposição para a disputa de uma luta honesta.

 

Sentar em silêncio dentro do Dojo permite alcançar um estado de profunda concentração, ganhando paz interior. No momento da luta todo o adversário deve ser combatido com determinação, em estado de alerta. Ao final da luta cumprimentar calma e silenciosamente, deixando para depois refletir sobre sua atuação durante a luta. O comprimento no Kumite significa uma saudação ao adversário. Na execução de um Kata, demonstra o respeito e ao mesmo tempo permite a liberação da energia interior para alcançar a perfeição de movimentos.

 

5°)  REPRIMIR ATOS BRUTAIS.

Em quase todos os movimentos de Kata no Karate, o início e o final são de defesa. Isto significa paciência e indulgência. Primeiro se defende, para depois atacar. É importante reprimir a agressividade acumulada com humildade no modo de agir. Quem cede às primeiras provocações, perde o domínio sobre si mesmo.

 

 

- KARATE INFANTIL

 

Há muita gente que aprecia esta arte marcial, exclusivamente sob o aspecto de defesa pessoal. Na verdade sem deixar de ser um excelente meio de defesa pessoal, esta não é a sua finalidade única nem mesmo principal.

 

Acima de tudo este esporte visa formar a personalidade do praticante, uma personalidade forte, e alto confiante, ao mesmo tempo modesta e afável.

 

Crianças tímidas, nervosas ou desajustadas encontram no karate, de acordo com o testemunho de pediatras e psicólogos, um excepcional recurso para adquirir o equilíbrio nervoso e emocional. O que prova, sem dúvida, o alto valor pedagógico e terapêutico deste.

 

O karate tem como objetivo promover treinos sadios e fortes, aulas mais prazerosas e criativas, além de aumentar a aptidão física, o desenvolvimento tático e técnico, desenvolvendo:

     Psicomotricidade – integração das funções motrizes e mentais;

     - Coordenação visomotora – imitando movimentos de outros;

     Coordenação motora grosseira – saltar, saltitar, correr lateralmente;

     Coordenação audiomotora – transformando o comando em movimento;

     Percepção – habilidade de reconhecer, interpretar e identificar um estímulo, incorporando-o

    às exigências precedentes.

 

Através de estímulos sensoriais que ajudam a discriminar as partes do próprio corpo e, do corpo em relação a outros objetos (organização espacial e temporal) sob o controle da mente, desenvolvendo as qualidades físicas elementares (força, velocidade, agilidade e equilíbrio), é que o indivíduo adquire os pré-requisitos necessários a sua aprendizagem em geral.

 

Portanto, a constância na execução dos exercícios propostos permitirá a criança, ao púbere e ao adolescente, vivenciarem maior qualidade psicomotora, importante para todas as atividades de um ser humano. Pois a destreza e a coragem são elementos que, desenvolvidos, nos tornam aptos para enfrentar toda e qualquer adversidade da vida.

 

 

- PRECEITOS ELEMENTARES DO KARATE

Por Sensei Akio Yokoyama

 

Para se iniciar nos estudos do Karate, a primeira providencia a ser tomada é a de adquirir-se um kimono ou Karate-Gi.

 

Normalmente, o kimono é de cor branca, e isto se deve ao fato de que ele deverá ser sempre bem puro e limpo; acompanha-o uma faixa (Obi) que, dependendo da Associação ou do estilo de Karate, varia de cores ao longo do progresso nos estudos desta milenar Arte Marcial.

 

No estilo Kenyu-Ryu, usam-se as seguintes cores, na evolução dos atletas que treinam na pertinente Academia ou que se filiam a Associação de Karate Kempo Kenyu Ryu do Brasil (AKKB): inicia-se na cor branca, depois e sucessivamente usam-se as cores amarela, laranja, verde, roxa, marrom e finalmente, preta.

 

No Japão, as cores das faixas dos praticantes são somente as seguintes: branca, marrom e preta. Esta mudança de cores provem da influencia do Budismo, pois os “Bunzos” – os sacerdotes desta religião trocam de roupagem assim.

 

O kimono deve ser vestido da seguinte forma, que é simples e ritualística: a parte da esquerda fica em cima da direita, e então se ata a faixa (Obi) para fechar a vestimenta; praticantes do sexo feminino usam o oposto, isto é: a parte da direita do kimono fica por cima da esquerda, a rigor e por tradição.

 

Todavia, atualmente há tendência em se igualar isto, ficando portanto, também a parte da esquerda por cima da direita.

 

Para se colocar a faixa adequadamente, veja a apostila de Kihon.

 

A saudação verbal de quem pratica Karate é expressa pela palavra “OSS”.

 

Não se deve passar na frente de alunos assentados de frente para o Instrutor ou Sensei.

 

Nunca se pode pisar ou ingressar na área de treinamento (tatame) usando qualquer tipo de sapatos, sandálias ou chinelos.

 

Caso algum estudante chegue atrasado aos treinos ou as aulas, ele devera se assentar, na orla ou beirada do tatame, cumprimentar o Sensei de frente, e solicitar e aguardar permissão para participar da aula ou do treinamento.

Não se deve conversar durante as aulas e, se houver necessidade, por qualquer razão, de alguém se ausentar do treinamento uma vez iniciado, o interessado deverá pedir licença para tanto, aguardando a permissão do Sensei ou Instrutor.

 

O lugar de treinamento, ou a Academia de Karate, é denominado “Dojo”. Esta palavra vem do Budismo e significa o sitio onde se treina o espírito.

 

Destarte se percebe, desde o inicio, a simbologia que conduz ao lado moral do Karate, que valoriza e preconiza virtudes nobres, como a cortesia, a coragem, a dedicação, a perseverança, o espírito de empenho, a sinceridade, a modéstia, enfim, a formação do caráter.

 

As Artes Marciais no Japão tem a partícula ou sufixo “DO” na denominação de cada uma delas, como exemplificam os termos “JuDÔ”, “AikiDO”, “KenDO”, etc.

 

Esta partícula, “DO” possui significado filosófico e espiritual, no sentido de ser um “caminho” ou “rota” a se seguir.

 

Por tal razão, no caso do Karate, ela vale como uma técnica de combate, de luta.

 

Quando se diz “Karate-Do” por conseguinte, a referência é a de que, através desta Arte Marcial, busca-se o caminho da humanidade, em sua acepção melhor na trilha espiritual, com virtudes e valores eternos a nortearem tal direção.

 

Ao se entrar no Dojo, tem-se que cumprimentar o local: de Pé, com a coluna reta verticalmente, baixa-se a cabeça, em rápido movimento para frente e para baixo, “Iitsulei”.

 

Quando iniciar-se o treino, os estudantes devem assentar-se e esperam pelo Instrutor ou Professor.

 

O modo de se assentar é importante e sempre imutável: dobra-se a perna esquerda e depois a direita. Com as mãos abertas, levemente se as colocam sobre as coxas.

 

O Sensei ou Professor então comanda os alunos: “seiza!”, que é a maneira de assim se assentarem.

 

A seguir ele diz “mokuso” (fechar os olhos, manter a coluna reta) para que os que irão iniciar a pratica de Karate controlem os pensamentos e os “adaptem” para os treinos.

 

Sensei Akio Yokoyama emprega o termo “meimoku” que tem mais o sentido de maior concentração, objetivando-se assim “esvaziar a mente” de frugalidades e preocupações, e prometer grande aplicação pessoal no treinamento.

 

Isto feito, ele diz “yame!” (parar) e depois diz “shinden” (altar) ou “shoumen” (para frente): “Ni-Iei”.

 

Um “shinden” é uma miniatura de um templo, adereço colocado no Dojo. Isto não traduz qualquer respeito ou homenagem a uma religião especifica, mas constitui-se, universalmente, no símbolo do “centro” do Dojo.

 

Quando se diz também “shoumen”, esta se falando “para frente”, seja a prática e treino ao ar livre, num campo, em um Gym, no Dojo, ou em qualquer outro lugar de treinamento. Isto simboliza respeito aos anteriores e antigos Mestres de Karate.

 

“Seiza” é a posição assentada. Quando se diz “lei”, a mão esquerda encosta no chão, e depois a direita; baixa-se a cabeça, em cumprimento.

 

A posição das mãos, e a ordem de colocação delas no solo, significa filosoficamente a ordem de cumprimentos; a mão direita primeira, depois à esquerda voltando à posição inicial: primeiro Shoumen-ni-Iei; segundo, Sensei-ni-Iei; após isto, o Professor vira aos alunos e diz “otagai-ni-Iei” (frente, alunos juntos).

 

Ao se levantar, primeiro usa-se a perna direita, depois a esquerda.

 

Ao iniciar-se o treinamento propriamente dito, a mais importante consideração é, antes de se vencer o adversário, vencer-se a si mesmo.

 

As palavras são simples e devem ser repetidas, assim como os treinos e exercícios, para não se desanimar no dia a dia, e para continuar sempre. Isto é importante, obviamente.

 

Terminado o treino, o Professor diz “seiza” e todos se assentam na posição então dita. Neste momento profere-se o “Dojo Kun” (“Credo” do Dojo).

 

Todas as academias devem ter por finalidade tais ensinamentos, e compete a cada uma delas alterar ou não tais dizeres, ou editar seu próprio Dojo Kun.

 

Algumas vezes diz-se “GO-sei” a promessa, de cinco frases.

 

Assim é no Dojo do estilo Kenyu Ryu, onde juntos, os alunos recitam o seguinte Dojo Kun:

   1- Esforçar-se para a formação da personalidade;

   2- Seguir o caminho da sinceridade;

   3- Cultivara espírito de empenho;

   4- Dar importância a cortesia;

   5- Reprimir atos brutais